Crise política dividiu mandato entre fase produtiva e período estagnado da ANMP
A presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, admitiu este sábado que a instabilidade política dos últimos anos no país foi “um tempo de impasse” para as autarquias.
“Admito que, por força da instabilidade que aconteceu [mudança de Governo], para a associação acabou por ser um tempo de impasse”, referiu em entrevista à Lusa Luísa Salgueiro, uma semana antes do congresso da ANMP onde será eleito um novo presidente.
A autarca socialista, que também assume a presidência da Câmara de Matosinhos, no distrito do Porto, foi eleita em 2021 para liderar a ANMP, tornando-se na primeira mulher a ocupar tal cargo.
Contudo, Luísa Salgueiro vai agora deixar esse cargo, depois de o PSD vencer o maior número de câmaras nas eleições autárquicas de outubro e ter, nessa sequência, recuperado a liderança da ANMP que pertencia ao PS desde 2013.
“Eu diria que o mandato é marcado por duas fases: uma fase muito produtiva e de grandes efeitos e, depois da crise política, e da mudança de Governo, nomeadamente com dois governos na segunda metade do mandato autárquico, não houve grandes desenvolvimentos”, referiu.
Segundo a autarca, houve por parte do novo Governo PSD/CDS-PP anúncios de muita vontade e um alinhamento político, sobretudo com o ministro da Economia e da Coesão Territorial, mas que não passou disso.
“Houve discursos muito alinhados, mas sem grandes resultados”, insistiu.
Luísa Salgueiro revelou que, nas negociações da ANMP com o Governo PSD/CDS-PP, não houve as tensões que existiram com o Governo PS, liderado por António Costa.
O primeiro-ministro António Costa foi o parceiro com quem a autarca teve mais dificuldades em negociar, tendo sido negociações muito duras, mas sempre favoráveis à associação, confessou.
Apesar de o considerar um “aliado extraordinário e um entusiasta” da descentralização, Luísa Salgueiro adiantou que as discussões com António Costa foram sempre “muito tensas”.
“Eu ouço as críticas do alinhamento político-partidário entre a ANMP e o Governo, mas só as tolero porque resultam num puro desconhecimento, porque não houve alinhamento, não houve subordinação. Houve, sim, muita discussão, muita tensão e o resultado foi sempre a favor da associação, foi sempre a associação que ganhou”, assinalou.
O novo líder da ANMP será eleito no congresso eletivo que decorrerá nos dias 13 e 14 de dezembro, em Viana do Castelo.
O presidente da Câmara de Pombal, Pedro Pimpão, é candidato à liderança da ANMP, disse o próprio à agência Lusa.