Autárquicas: esmagadora maioria dos "novos independentes" vem dos partidos tradicionais
Nas eleições autárquicas, os chamados Grupos de Cidadãos Eleitores (GCE) conseguiram alargar a presença no território, contando mais uma autarquia do que em 2021.
22 out. 2025, 15:51
Fotografia: Quem são os “Novos Independentes” em Portugal
Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, os chamados Grupos de Cidadãos Eleitores (GCE) conseguiram alargar a presença no território, contando mais uma autarquia do que em 2021. São agora 20, tendo sido eleitos 13 novos em 2025 (14, se contarmos com Belmonte - um caso com características próprias que explicarem mais à frente).
Mas de onde vêm estes “novos independentes”? A pergunta fará mais sentido depois de conhecermos as respostas. Na verdade, na esmagadora maioria, estes movimentos são encabeçados por recém-dissidentes dos partidos ditos tradicionais que, sendo preteridos nas corridas internas, acabam por avançar.
Mas de onde vêm estes “novos independentes”? A pergunta fará mais sentido depois de conhecermos as respostas. Na verdade, na esmagadora maioria, estes movimentos são encabeçados por recém-dissidentes dos partidos ditos tradicionais que, sendo preteridos nas corridas internas, acabam por avançar.
Vamos aos casos:
Montijo: Fernando Caria ganhou câmara ao PS, que governava aqui há 28 anos. O autarca foi 12 anos presidente da junta de freguesia mais populosa do concelho, eleito precisamente pelo PS. Avançou para a Câmara como independente e essa freguesia foi fulcral para a vitória.
Setúbal: Maria das Dores Meira regressou à autarquia que liderou durante 15 anos pela CDU. Roubou agora a Câmara aos comunistas como independente, tendo o apoio do PSD/CDS-PP.
Esposende: Carlos Silva pôs fim a 36 anos de liderança do PSD. O autarca liderava a Assembleia Municipal do concelho, pelo PSD, mas avançou como independente para a Câmara ao não ser o escolhido pelo partido para a corrida a estas eleições.
Vizela: Victor Hugo Salgado avançou para terceiro mandato, agora como independente. O autarca foi eleito em 2017 e 2021 pelo PS, que lhe retirou o apoio na sequência de suspeitas relacionadas com violência doméstica.
Vila Nova de Poiares: Nuno Neves quebrou ciclo de três mandatos do PS. O autarca liderava pelo PS a freguesia mais populosa do concelho e, ao não receber apoio do partido para a Câmara, avançou como independente.
Condeixa-a-Nova: Liliana Pimentel é o rosto de uma mudança. O movimento que encabeça fez cair o bastião socialista. A autarca foi vice-presidente do concelho pelo PS, mas foi preterida pela distrital e avançou como independente.
Soure: Rui Fernandes pôs fim a 20 anos de governação socialista. O autarca, dissidente do PS, reuniu antigos militantes que perderam as eleições internas. Juntos, chegaram à vitória como independentes.
Salvaterra de Magos: Helena Neves pôs fim a liderança de 12 anos do PS em Salvaterra de Magos. A autarca era a vice-presidente socialista do município e, tendo sido preterida na corrida à sucessão, avançou como independente com o movimento Juntos Fazemos+.
Mafra: Hugo Moreira Luís acaba com reinado do PSD em Mafra, onde governava desde 1985. O autarca era vice-presidente do ex-autarca social-democrata, tendo assumido a presidência há um ano. Nesta corrida, o partido optou por outro candidato e Hugo Luís avançou como independente.
Santa Cruz das Flores: Elizabete Noia, com o seu Movimento Cívico Pelo Concelho, destronou o PS no concelho açoriano. Foi vice-presidente da autarquia nos últimos 12 anos e avançou contra o candidato escolhido pelo partido.
Belmonte: pode não ser considerado independente, por ter recebido apoio do Nós, Cidadãos! A verdade é que António Luís Beites “roubou” câmara ao PS, depois de ter cumprido três mandatos pelos socialistas em Penamacor. Concorreu como independente contra o próprio partido e ganhou com maioria absoluta.
Figueiró dos Vinhos: Carlos Lopes acabou com o bipartidarismo em Figueiró dos Vinhos. Preterido há 12 anos pelo PS na corrida à Câmara, avançou como independente. Com o fim de ciclo socialista, consegue a eleição.
Aljezur: Manuel Marreiros está de volta à presidência do concelho de Aljezur, destronando o PS, que governava há 24 anos. O autarca já tinha cumprido três mandatos pela CDU e dois pelo PS. Agora regressa encabeçando um movimento independente.
Santiago do Cacém: Bruno Gonçalves Pereira “roubou” bastião à CDU. A coligação comunista até teve mais votos do que há 4 anos, mas movimento Somos Todos Cidadãos juntou forças do PS e PSD, que apoiaram a candidatura.
Independentes: para onde foram?
Dos 19 movimentos independentes no poder autárquico em 2021, apenas sete renovaram os mandatos. Doze Câmaras passaram a ter representação partidária. Quase todos os casos são de presidentes que completaram três mandatos consecutivos ou perderam eleições, mas há quatro casos particulares de autarcas que mantiveram funções, ainda que com cores diferentes:
São João da Pesqueira (passou a PSD) - Manuel Cordeiro comandava o município há oito anos, com o movimento independente Pela Nossa Terra. Para o terceiro e último mandato, candidatou-se pelo PSD.
Guarda (passou a NC/PPM) - Sérgio Costa foi reeleito na capital de distrito. No primeiro mandato encabeçava um movimento independente, em 2025 representou a coligação Nós, Cidadãos!/PPM.
Figueira da Foz (passou a PSD/CDS-PP) - Pedro Santana Lopes, até aqui independente, foi reeleito para um segundo mandato, agora encabeçando a coligação PSD/CDS-PP.
Anadia (passou a PSD/CDP-PP) - não tendo sido presidente, Jorge Sampaio era o número dois do Movimento Independente Anadia Primeiro, que cumpriu 3 mandatos. De “vice” passou a presidente, com candidatura pelo PSD.
São João da Pesqueira (passou a PSD) - Manuel Cordeiro comandava o município há oito anos, com o movimento independente Pela Nossa Terra. Para o terceiro e último mandato, candidatou-se pelo PSD.
Guarda (passou a NC/PPM) - Sérgio Costa foi reeleito na capital de distrito. No primeiro mandato encabeçava um movimento independente, em 2025 representou a coligação Nós, Cidadãos!/PPM.
Figueira da Foz (passou a PSD/CDS-PP) - Pedro Santana Lopes, até aqui independente, foi reeleito para um segundo mandato, agora encabeçando a coligação PSD/CDS-PP.
Anadia (passou a PSD/CDP-PP) - não tendo sido presidente, Jorge Sampaio era o número dois do Movimento Independente Anadia Primeiro, que cumpriu 3 mandatos. De “vice” passou a presidente, com candidatura pelo PSD.