Lince ibérico já ocupa uma área de mil quilómetros quadrados em Portugal
No ano passado, a espécie deixou de ser classificada "em risco" para passar a "vulnerável" na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
25 nov. 2025, 16:17
Fotografia: Lince ibérico já ocupa mil quilómetros quadrados em Portugal (Agência Lusa/Nuno Veiga)
Portugal tem apenas uma população de lince ibérico "mas muito grande", ocupando de forma contínua e com reprodução uma área de quase mil quilómetros quadrados, dez anos após a reintrodução da espécie na natureza em território nacional.
"Só temos uma população em território português, mas muito grande", disse esta terça-feira o biólogo Pedro Sarmento, do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), em declarações à Lusa em Sevilha, Espanha, no arranque do Congresso Internacional Lince Ibérico, que ao longo de três dias vai fazer um balanço dos resultados e desafios do programas de conservação da espécie, que esteve à beira da extinção no início deste século.
No ano passado, a espécie deixou de ser classificada "em risco" para passar a "vulnerável" na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Segundo o biólogo, os linces ocupam uma área de quase mil quilómetros quadrados, de forma contínua e com reprodução no Vale do Guadiana, a que se somam "alguns territórios muito perto do mar", mas que são, neste caso, isolados.
Pedro Sarmento, que desde 1994 trabalha com o lince ibérico, primeiro na Serra da Malcata e depois nos programas nacionais de recuperação e conservação da espécie, afirmou que a população que existe em Portugal - estimada atualmente em cerca de 350 animais - esteve há alguns anos à beira de ser considerada como duas populações, "mas estão completamente ligadas" atualmente.
A criação de novas populações em Portugal foi um objetivo e não está descartada, mas há "poucas hipóteses" atualmente de ser concretizada e bem sucedida, por causa da distribuição e abundância de coelhos bravos no território nacional, de que o lince depende.
Aquilo que é viável e um objetivo neste momento é "expandir ainda um pouco mais" a população de linces que existe atualmente.
Pedro Sarmento explicou que após mais de 20 anos de programas de recuperação e conservação do lince em Espanha e Portugal, os cientistas e técnicos aprenderam que "é mais fácil pôr o lince onde há coelhos do que coelhos onde há linces".
Segundo o biólogo, tentativas e programas para aumentar a abundância de coelho não resultaram a médio prazo, com casos de populações destes animais dizimadas com doenças após os primeiros anos.
"Encontrámos em Portugal uma área que tinha uma população alta de coelho e uma série de características excelentes que faziam prever que a reintrodução (do lince) fosse funcionar e foi isso que fizemos. Depois canalizámos para aí (os esforços), mesmo não sendo uma área tradicional ou histórica de presença de lince", como a Serra da Malcata, explicou.
O lince ibérico foi reintroduzido na natureza em Portugal há uma década e alcançou em 2024 uma população de 354 animais, segundo o censo anual realizado pelas entidades espanholas e portuguesas que integram o projeto de recuperação da espécie, revelado em maio.
Os projetos de conservação do lince ibérico, maioritariamente financiados por programas europeus LIFE, têm mais de 20 anos e o número total de animais passou de menos de 100 em 2002 para 2.401 em 2024 em toda a Península Ibérica.
No censo de 2002, que deu origem aos programas de conservação LIFE, não foi identificado qualquer lince em Portugal.
O projeto de recuperação e conservação do lince ibérico passou, numa primeira fase, pela reprodução em cativeiro, com os primeiros animais a serem libertados na natureza em 2011.
Desde então e até 2024 foram libertados 403 animais nascidos em cativeiro.
O projeto de recuperação e conservação do lince ibérico envolve diversas entidades públicas e privadas em Portugal e Espanha.
Em Portugal, a coordenação cabe ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que gere um dos centros de reprodução do animal em cativeiro, localizado em Silves, no Algarve.
"Só temos uma população em território português, mas muito grande", disse esta terça-feira o biólogo Pedro Sarmento, do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), em declarações à Lusa em Sevilha, Espanha, no arranque do Congresso Internacional Lince Ibérico, que ao longo de três dias vai fazer um balanço dos resultados e desafios do programas de conservação da espécie, que esteve à beira da extinção no início deste século.
No ano passado, a espécie deixou de ser classificada "em risco" para passar a "vulnerável" na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Segundo o biólogo, os linces ocupam uma área de quase mil quilómetros quadrados, de forma contínua e com reprodução no Vale do Guadiana, a que se somam "alguns territórios muito perto do mar", mas que são, neste caso, isolados.
Pedro Sarmento, que desde 1994 trabalha com o lince ibérico, primeiro na Serra da Malcata e depois nos programas nacionais de recuperação e conservação da espécie, afirmou que a população que existe em Portugal - estimada atualmente em cerca de 350 animais - esteve há alguns anos à beira de ser considerada como duas populações, "mas estão completamente ligadas" atualmente.
A criação de novas populações em Portugal foi um objetivo e não está descartada, mas há "poucas hipóteses" atualmente de ser concretizada e bem sucedida, por causa da distribuição e abundância de coelhos bravos no território nacional, de que o lince depende.
Aquilo que é viável e um objetivo neste momento é "expandir ainda um pouco mais" a população de linces que existe atualmente.
Pedro Sarmento explicou que após mais de 20 anos de programas de recuperação e conservação do lince em Espanha e Portugal, os cientistas e técnicos aprenderam que "é mais fácil pôr o lince onde há coelhos do que coelhos onde há linces".
Segundo o biólogo, tentativas e programas para aumentar a abundância de coelho não resultaram a médio prazo, com casos de populações destes animais dizimadas com doenças após os primeiros anos.
"Encontrámos em Portugal uma área que tinha uma população alta de coelho e uma série de características excelentes que faziam prever que a reintrodução (do lince) fosse funcionar e foi isso que fizemos. Depois canalizámos para aí (os esforços), mesmo não sendo uma área tradicional ou histórica de presença de lince", como a Serra da Malcata, explicou.
O lince ibérico foi reintroduzido na natureza em Portugal há uma década e alcançou em 2024 uma população de 354 animais, segundo o censo anual realizado pelas entidades espanholas e portuguesas que integram o projeto de recuperação da espécie, revelado em maio.
Os projetos de conservação do lince ibérico, maioritariamente financiados por programas europeus LIFE, têm mais de 20 anos e o número total de animais passou de menos de 100 em 2002 para 2.401 em 2024 em toda a Península Ibérica.
No censo de 2002, que deu origem aos programas de conservação LIFE, não foi identificado qualquer lince em Portugal.
O projeto de recuperação e conservação do lince ibérico passou, numa primeira fase, pela reprodução em cativeiro, com os primeiros animais a serem libertados na natureza em 2011.
Desde então e até 2024 foram libertados 403 animais nascidos em cativeiro.
O projeto de recuperação e conservação do lince ibérico envolve diversas entidades públicas e privadas em Portugal e Espanha.
Em Portugal, a coordenação cabe ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que gere um dos centros de reprodução do animal em cativeiro, localizado em Silves, no Algarve.