Uma uva, duas uvas, três uvas: Guia Michelin vai distinguir os melhores vinhos
No ano em que se vai assinalar o centenário das internacionalmente conhecidas Estrelas Michelin (que distinguem os melhores restaurantes de todo o mundo), o Guia Michelin vai abrir um novo capítulo com uma distinção direcionada para o setor vitivinícola.
“A Uva Michelin, a nova distinção do Guia, dará destaque a adegas e produtores de vinho de diferentes regiões do mundo”, anuncia em comunicado Gwendal Poullennec, director internacional do guia de referência.
“No mundo do vinho, o Guia Michelin pretende premiar não só as vinhas, mas também, e sobretudo, as pessoas que as gerem. Com esta nova distinção, o Guia pretende destacar o conhecimento e a paixão únicos transmitidos de geração em geração, bem como as técnicas inovadoras e as práticas contemporâneas, utilizando uma metodologia rigorosa e independente”, refere ainda a nota.
Num prémio dirigido “tanto aos neófitos curiosos como aos especialistas apaixonados”, o propósito é destacar “as mulheres e os homens que, em todo o mundo, dão forma, com talento e exigência, às adegas de hoje e de amanhã”.
E para atestar a excelência dos vinhos há uma mão cheia de critérios que vão ser tidos em conta na hora de atribuir uma Uva Michelin, desde logo, a qualidade, onde vão ser avaliados parâmetros como “a saúde dos solos, o equilíbrio das videiras e os cuidados dispensados à vinha”.
Segue-se a especialização técnica, em que é analisado “rigor da vinificação” e a capacidade de produzir vinhos bem elaborados e sem defeitos, e o equilíbrio, critério onde se dá destaque ao balanceamento entre acidez, madeira, álcool e doçura.
Outro dos critérios é a identidade, com valorização de “viticultores e viticultoras que criem vinhos capazes de expressar a personalidade, o lugar e a cultura que os moldaram”, com a constância a ser o quinto critério. “Os vinhos são avaliados em várias colheitas, a fim de verificar a sua constância em termos de qualidade, inclusive em anos difíceis. O guia destaca os vinhos que ganham em qualidade com o passar do tempo”, é referido.
A avaliação ficará a cargo de inspetores do grupo Michelin peritos em vinho, selecionados pelas “suas qualificações, como pela sua capacidade para avaliar regiões vinícolas de todo o mundo com rigor, independência e integridade”.
“Esta equipa, que fará as suas recomendações coletivamente e com total independência, reunirá especialistas em vinhos experientes. São todos profissionais experientes no setor — ex-sommeliers, críticos especializados ou ex-enólogos — e trazem à equipa uma experiência concreta e profunda do mundo da produção de vinho”, refere o comunicado.
À semelhança do que acontece nas Estrelas e nas Chaves Michelin (estas últimas atribuídas ao nível da hotelaria), cada premiado pode receber até três Uvas Michelin ou uma recomendação.
Uma uva é atribuída a “produtores de grande qualidade, que elaboram vinhos com caráter e estilo, especialmente bem-sucedidos nas melhores colheitas”, duas uvas são entregues a “produtores de excelência, distinguidos por uma qualidade e consistência notáveis na sua região”, e três uvas são concedidas a “produtores de exceção”, isto é, “seja qual for a colheita, os amantes de vinho podem confiar em pleno nas produções da adega”.
França é o primeiro país escolhido para iniciar a vindima das Uvas Michelin, com duas regiões tipicamente dedicadas ao setor vitivinícola mundial: Bordéus e Borgonha.
“Uma escolha significativa que celebra a diversidade, a profundidade histórica, e a riqueza cultural, do vinho francês”, realça a Michelin.