Boticas mantém oposição ao lítio após Comissão Europeia rejeitar queixas

A Comissão Europeia rejeita as queixas das Organizações Não Governamentais (ONG) ao projeto da mina de lítio de Covas do Barroso, no município de Boticas. O presidente da Câmara, Guilherme Pires, reforça a posição de oposição da exploração e o apoio à população.
Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalves Jornalista
04 dez. 2025, 18:00

Imagem aérea do local onde vão ser as minas de lítio, numa colina, rasgada por traços de terra entre pedaços verdes.
Fotografia: Executivo de Boticas pede transparência e esclarecimentos sobre o projeto de exploração da mina de lítio do Barroso.

Guilherme Pires, presidente da Câmara de Boticas, fortalece a oposição à exploração de lítio na Cova do Barroso, no município do distrito de Vila Real.

“A nossa posição de oposição continua e as nossas dúvidas mantêm-se”, adianta em declarações ao Conta Lá. 

Num comunicado conjunto, a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), a MiningWatch Portugal e a ClientEarth contestam a decisão da Comissão europeia em manter a exploração da mina do Barroso na lista de “projetos estratégicos”, ao abrigo do Regulamento das Matérias-Primas Críticas. Para as ONG, a decisão de avançar com o projeto “ignora evidências crescentes de que a mina apresenta riscos ambientais e de segurança graves”.

Aida Fernandes, da UDCB, afirma que “a Europa não pode construir um futuro verde destruindo lugares que já vivem de forma sustentável.” A representante da associação local defende que “Covas do Barroso não é uma zona de sacrifício”, em comunicado.

Guilherme Pires, do PSD, desvaloriza a rejeição das queixas pela Comissão Europeia e critica a falta de transparência e esclarecimentos do processo. “As ações ganhas nos tribunais e na Comissão Europeia não legitimam nada e não apagam os argumentos, nem esclarecem as dúvidas, quanto à seriedade ambiental do projeto”, refere. 

O presidente do executivo de Boticas salienta que “as respostas dadas não nos satisfazem” e pede “transparência e clareza”.

Algumas das preocupações estão relacionadas com “o desenvolvimento do projeto, o alto consumo de água na exploração da mina, os riscos para as comunidades envolventes e os impactos ambientais”, explica Guilherme Pires. Está ainda prevista a circulação diária de “240 camiões e de mais de uma centena de viaturas ligeiras” na zona, fatores que causam apreensão na “forma como a circulação e o modo de vida rural vão ser afetados”, aponta o autarca.

O presidente da Câmara de Boticas valoriza o desenvolvimento do concelho, “mas não pode ser a todo o custo, tem de respeitar as populações.” Com a previsão de arranque de obras em 2026 e produção de lítio dois anos depois, o autarca garante que “enquanto a nossa população não estiver esclarecida, nós estamos com eles”.

A empresa que detém a concessão da mina de lítio do Barroso, Savannah, defende que o projeto vai ter “um papel fundamental na reindustrialização da Europa, na descarbonização do transporte na União Europeia e no combate à dependência energética externa”, em comunicado. Para Savannah, a decisão de Bruxelas acompanha “várias outras decisões dos tribunais nacionais em dar razão à Savannah”.