Douro volta a brilhar mas precisa de atenção: os desafios da Melhor Região Vinícola Internacional de 2025
Entre as vinhas centenárias e os socalcos que se debruçam sobre o rio, o Douro voltou a fazer história no mundo: foi eleito como a Melhor Região Vinícola Internacional de 2025 nos Wine Star Awards, atribuídos pela revista norte-americana Wine Enthusiast. A distinção consolida a reputação, mas não esconde os desafios da mais antiga região demarcada do mundo.
27 nov. 2025, 13:10
Fotografia: Douro é eleito como "Melhor Região Vinícola Internacional de 2025"
Reconhecido pela UNESCO como Património Mundial na categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva, o Douro conquista o título International (Non-U.S.) Wine Region of the Year. Para o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) esta distinção “confirma, perante o mundo, a excelência dos vinhos do Douro e do Porto, a singularidade da paisagem vinhateira e a capacidade de inovação do setor”. Ao Conta Lá, o instituto acrescenta que este é um “ativo estratégico para o país” que reforça não só a qualidade dos vinhos durienses, mas também o património cultural e paisagístico, assim como, a capacidade de inovação empresarial da região.
De acordo com o organismo, a escolha resulta “da convergência de vários fatores”: o estatuto da mais antiga região demarcada do mundo, um património vitivinícola único, a diversidade de estilos e “castas autóctones", "a viticultura heroica em socalcos”, a aposta no enoturismo qualificado e a capacidade de aliar a tradição à inovação e sustentabilidade. “Estes elementos constroem uma narrativa sólida, credível e distintiva à escala global”, sublinham os responsáveis.
Para a viticultura Marinete Alves, proprietária da Quinta da Pousada, em Santa Marta de Penaguião, e da Quinta d’ Além, em Peso da Régua, esta distinção “veio enaltecer a nossa região e colocá-la entre as mais prestigiadas do mundo”.
“É uma conquista que representa uma oportunidade única para reforçarmos o prestígio, a sustentabilidade e a atratividade económica do Douro”, sublinha a viticultora em entrevista ao Conta Lá.
A produtora acredita que o prémio pode abrir “uma nova porta de oportunidades” para os produtores e para a economia local: “O nome Douro já atravessou fronteiras, sobretudo pela denominação Porto, mas agora podemos beneficiar deste título para reforçar a nossa reputação com distribuidores, sommeliers (especialistas em vinhos) e consumidores finais”, explica. A viticultora acrescenta que a distinção pode “promover a modernização, a sustentabilidade e o turismo vínico”, ao mesmo tempo que incentiva os viticultores a investirem em práticas mais inovadoras e ecológicas.
E o IVDP reitera este efeito: o prémio “pertence aos viticultores, produtores, comerciantes e às comunidades que todos os dias fazem o Douro” e deverá ter um “efeito mobilizador”, que fortaleça a confiança, valorize o território e promova um “orgulho coletivo renovado”.
Contudo, a região do Douro enfrenta desafios cada vez mais prementes, que se tornam urgentes em resolver. As alterações climáticas são um exemplo disso:
“Temos assistido a uma antecipação das vindimas e a uma menor precipitação, o que obriga a ajustar as castas e a apostar em porta-enxertos mais resistentes à seca”, refere Marinete Alves.
A viticultora lembra que “algumas vinhas na zona do Douro Superior já estão a recorrer a sistemas de rega” e defende a necessidade de “alterar práticas agrícolas e reduzir o uso de pesticidas”, para garantir a qualidade e a longevidade do “Terroir Duriense”.
A produtora reconhece a importância desta distinção, mas deixa um alerta ao afirmar que “este prémio é um ponto de partida, não um ponto de chegada. É bom, mas não resolve os desafios estruturais que o Douro tem enfrentado até aos dias de hoje”. Além disso, as dificuldades de escoamento, os custos elevados de produção e o baixo rendimento dos produtores de uva são questões que a viticultora referiu ao Conta Lá. “Antes do Douro ser vinho, é uva e se o produtor de uva não tiver condições para continuar, não teremos um vinho de qualidade”, declara.
O IVDP admite a existência de algumas fragilidades no território e destaca algumas medidas para combater as alterações climáticas, o despovoamento e a pressão económica. Entre elas estão a simplificação de processos e a redução de custos de contexto; a valorização do preço da uva; a monitorização tecnológica através de sensores IoT (dispositivos que permitem recolher dados em tempo real sobre as condições ambientais como a temperatura e a humidade); a criação de um Manual de Sustentabilidade e o reforço da inovação tecnológica, incluindo o uso de Inteligência Artificial no processo de certificação.
Sobre a classificação atribuída pela UNESCO, o organismo frisa que a preservação da autenticidade é de extrema importância: “A competitividade do Douro constrói-se precisamente na preservação da sua autenticidade”. O Instituto destaca que inúmeros projetos “combinam modernização com um profundo sentido de preservação pelo território”, integrando a participação académica, empresas privadas e entidades reguladoras.
Com o crescimento do enoturismo na região, o Douro afirma-se, cada vez mais, como um destino de excelência. Marinete Alves explica que os visitantes vão muito além da procura pelo vinho:
“Há turistas nacionais e estrangeiros, apaixonados por vinho, mas também há alguns vêm à procura das paisagens, da gastronomia e da tranquilidade.” (…) “Queremos que quem nos visita leve um bocadinho de nós: o nosso vinho, a nossa história e o legado dos nossos antepassados”, conta.
O enoturismo é, também para o IVDP, uma porta de entrada para a promoção nacional e internacional em articulação com inúmeros parceiros. O instituto garante ainda que quer assegurar que os pequenos produtores beneficiam desta visibilidade internacional, através de promoção inclusiva (ações de promoção, feiras, provas, etc.); capacitação técnica pela Academia Douro & Porto (formação em viticultura, enologia, etc.); valorização das práticas tradicionais e sustentáveis (reconhecimento e divulgação de empresas e enólogos, etc.) e projetos coordenados com entidades regionais (autarquias, entidades de desenvolvimento regional e outros agentes do território).
Símbolo de autenticidade e tradição, o Douro é a mais antiga região demarcada do mundo e que hoje vê o seu nome entre os maiores do enoturismo internacional. Este título eleva o reconhecimento de séculos de história e excelência da região e do país.
De acordo com o organismo, a escolha resulta “da convergência de vários fatores”: o estatuto da mais antiga região demarcada do mundo, um património vitivinícola único, a diversidade de estilos e “castas autóctones", "a viticultura heroica em socalcos”, a aposta no enoturismo qualificado e a capacidade de aliar a tradição à inovação e sustentabilidade. “Estes elementos constroem uma narrativa sólida, credível e distintiva à escala global”, sublinham os responsáveis.
Para a viticultura Marinete Alves, proprietária da Quinta da Pousada, em Santa Marta de Penaguião, e da Quinta d’ Além, em Peso da Régua, esta distinção “veio enaltecer a nossa região e colocá-la entre as mais prestigiadas do mundo”.
“É uma conquista que representa uma oportunidade única para reforçarmos o prestígio, a sustentabilidade e a atratividade económica do Douro”, sublinha a viticultora em entrevista ao Conta Lá.
A produtora acredita que o prémio pode abrir “uma nova porta de oportunidades” para os produtores e para a economia local: “O nome Douro já atravessou fronteiras, sobretudo pela denominação Porto, mas agora podemos beneficiar deste título para reforçar a nossa reputação com distribuidores, sommeliers (especialistas em vinhos) e consumidores finais”, explica. A viticultora acrescenta que a distinção pode “promover a modernização, a sustentabilidade e o turismo vínico”, ao mesmo tempo que incentiva os viticultores a investirem em práticas mais inovadoras e ecológicas.
E o IVDP reitera este efeito: o prémio “pertence aos viticultores, produtores, comerciantes e às comunidades que todos os dias fazem o Douro” e deverá ter um “efeito mobilizador”, que fortaleça a confiança, valorize o território e promova um “orgulho coletivo renovado”.
Contudo, a região do Douro enfrenta desafios cada vez mais prementes, que se tornam urgentes em resolver. As alterações climáticas são um exemplo disso:
“Temos assistido a uma antecipação das vindimas e a uma menor precipitação, o que obriga a ajustar as castas e a apostar em porta-enxertos mais resistentes à seca”, refere Marinete Alves.
A viticultora lembra que “algumas vinhas na zona do Douro Superior já estão a recorrer a sistemas de rega” e defende a necessidade de “alterar práticas agrícolas e reduzir o uso de pesticidas”, para garantir a qualidade e a longevidade do “Terroir Duriense”.

A produtora reconhece a importância desta distinção, mas deixa um alerta ao afirmar que “este prémio é um ponto de partida, não um ponto de chegada. É bom, mas não resolve os desafios estruturais que o Douro tem enfrentado até aos dias de hoje”. Além disso, as dificuldades de escoamento, os custos elevados de produção e o baixo rendimento dos produtores de uva são questões que a viticultora referiu ao Conta Lá. “Antes do Douro ser vinho, é uva e se o produtor de uva não tiver condições para continuar, não teremos um vinho de qualidade”, declara.
O IVDP admite a existência de algumas fragilidades no território e destaca algumas medidas para combater as alterações climáticas, o despovoamento e a pressão económica. Entre elas estão a simplificação de processos e a redução de custos de contexto; a valorização do preço da uva; a monitorização tecnológica através de sensores IoT (dispositivos que permitem recolher dados em tempo real sobre as condições ambientais como a temperatura e a humidade); a criação de um Manual de Sustentabilidade e o reforço da inovação tecnológica, incluindo o uso de Inteligência Artificial no processo de certificação.
Sobre a classificação atribuída pela UNESCO, o organismo frisa que a preservação da autenticidade é de extrema importância: “A competitividade do Douro constrói-se precisamente na preservação da sua autenticidade”. O Instituto destaca que inúmeros projetos “combinam modernização com um profundo sentido de preservação pelo território”, integrando a participação académica, empresas privadas e entidades reguladoras.
Com o crescimento do enoturismo na região, o Douro afirma-se, cada vez mais, como um destino de excelência. Marinete Alves explica que os visitantes vão muito além da procura pelo vinho:
“Há turistas nacionais e estrangeiros, apaixonados por vinho, mas também há alguns vêm à procura das paisagens, da gastronomia e da tranquilidade.” (…) “Queremos que quem nos visita leve um bocadinho de nós: o nosso vinho, a nossa história e o legado dos nossos antepassados”, conta.
O enoturismo é, também para o IVDP, uma porta de entrada para a promoção nacional e internacional em articulação com inúmeros parceiros. O instituto garante ainda que quer assegurar que os pequenos produtores beneficiam desta visibilidade internacional, através de promoção inclusiva (ações de promoção, feiras, provas, etc.); capacitação técnica pela Academia Douro & Porto (formação em viticultura, enologia, etc.); valorização das práticas tradicionais e sustentáveis (reconhecimento e divulgação de empresas e enólogos, etc.) e projetos coordenados com entidades regionais (autarquias, entidades de desenvolvimento regional e outros agentes do território).
Símbolo de autenticidade e tradição, o Douro é a mais antiga região demarcada do mundo e que hoje vê o seu nome entre os maiores do enoturismo internacional. Este título eleva o reconhecimento de séculos de história e excelência da região e do país.