Sofia Oliveira, medalha de ouro no kickboxing: "O desporto está a evoluir, mas não à velocidade necessária"

Sofia Oliveira, atleta do Desportivo de Guimarães, venceu o primeiro lugar na categoria K1 (-60kg) no Campeonato do Mundo de kickboxing da WAKO e conquistou a primeira medalha de ouro portuguesa da competição. 
Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalves Jornalista
02 dez. 2025, 06:00

Fotografia de Sofia Oliveira, jovem de cabelo castanho esticado, a trincar a medalha de ouro, com a mão direita, enquanto sorri.
Fotografia: Sofia Oliveira conquistou medalha de ouro nos mundiais da WAKO, em Abu Dhabi.

Sofia Oliveira conquistou a medalha de ouro na categoria K1 (-60kg) no Campeonato do Mundo de kickboxing da WAKO, nos Emirados Árabes Unidos. Aos 27 anos, a atleta do Desportivo de Guimarães venceu por 3-0 a ucraniana Alina Martyniuk e tornou-se na primeira portuguesa campeã do mundo da competição, a 28 de novembro.

Esta vitória é “uma recompensa de 20 anos de dedicação ao kickboxing português”, afirma a desportista de Vila Nova de Famalicão ao Conta Lá.

“É um orgulho enorme saber que estamos a conseguir colocar Portugal ao mais alto nível no mundo do kickboxing”, sublinha.

Sofia Oliveira diz que este continua a ser um desporto maioritariamente masculino, mas que a realidade está a mudar. Para a kickboxer, “conseguir trazer uma medalha para Portugal, sendo mulher num desporto de homens, é um orgulho.” 

A atleta afirma ainda que esta conquista é importante também para a modalidade “mostrar que é possível e que também conseguimos representar Portugal e trazer medalhas”.

 

Foi aos sete anos que começou a praticar kickboxing, mas confessa que só quando entrou na Seleção é que passou a dar-lhe importância. “Comecei a trazer medalhas e a perceber que conseguiria levar isto mais a sério e foi aí que comecei a dedicar-me mais”, revela a atleta que, no escalão júnior, também conquistou o título mundial.

A jovem minhota, que é programadora informática, acredita que a modalidade vai ganhar mais visibilidade com os resultados que os atletas têm obtido.

“Com a quantidade de medalhas que vamos trazendo para Portugal, vamos ser cada vez mais vistos e falados.”

Ainda assim, Sofia Oliveira não tem dúvidas: “O desporto português está a evoluir, mas não à velocidade necessária.” A jovem famalicense defende uma maior valorização das modalidades e dos atletas que as praticam.

“Quem pratica uma modalidade e é bem-sucedido, tanto a nível mundial, quanto a nível europeu, devia ser reconhecido, estamos a representar Portugal da mesma forma, todos com a mesma dedicação, mas uns com mais oportunidades do que outros.” 

Sobre o futuro, Sofia Oliveira confessa que já tinha decidido que o campeonato em Abu Dhabi era o último em representação da Seleção. Mesmo tendo vencido o ouro, a desportista diz que “em princípio será assim” porque quer dedicar-se "mais à vida pessoal e continuar no kickboxing apenas a título pessoal”.

Em agosto deste ano, Sofia Oliveira ficou em 5º lugar nos ‘The World Games’, em Chengdu, na China, depois de ter conquistado o bronze nos Europeus na Grécia.

Foi a primeira portuguesa a sagrar-se campeã do mundo na modalidade, antes de Catarina Dias ter chegado ao título em -70 kg, também na sexta-feira.

Além das duas medalhas de ouro, a representação portuguesa nos Emirados Árabes Unidos rendeu mais três bronzes, por Cátia Batista, em seniores, e Emanuel Cortes e Nuno Lopes, ambos na categoria de veteranos.