Ribeira de Pena quer linho como património cultural imaterial

Com a inscrição do linho no inventário nacional, a autarquia pretende “criar uma nova dinâmica na economia circular” e atrair ao território pessoas ligadas à moda, à decoração e mais turistas.
Redação
Redação
20 nov. 2025, 14:40

Fotografia: O Museu do Linho promove o trabalho artesanal do linho, em Ribeira de Pena
A Câmara de Ribeira de Pena já submeteu a candidatura para inscrever o linho de Cerva e Limões no inventário nacional do património cultural imaterial. O objetivo é preservar, valorizar e impulsionar esta tradição do município do distrito de Vila Real.

“É uma identidade muito nossa”, afirmou esta quinta-feira, à agência Lusa, o presidente da Câmara, João Noronha, que salientou que o linho tem, atualmente, expressão na União de Freguesias de Cerva e Limões, onde estão as tecedeiras que mantêm viva esta tradição e o bater ritmado dos teares.

“Os teares que temos, e temos bastantes, são um testemunho de muitas gerações que se dedicaram à arte”, apontou João Noronha, que lembrou que este trabalho começou por ser um complemento importante para o rendimento familiar de quem, na sua maioria, se dedicava à agricultura. Atualmente, acrescentou, o linho ainda é sustento para algumas famílias.

Em Limões ainda se faz a sementeira e ali podem-se ver, lá para maio, os campos enfeitados com a cor azul da planta do linho, cumprindo-se depois todo o processo até ao fio no tear e o pano final.

O autarca adiantou que, com esta candidatura, se quer preservar e até reforçar o ciclo do linho, desde a sementeira até ao trabalho final.

Ricardo Carvalho, técnico superior do município e responsável pela candidatura, acrescentou que esta engloba, precisamente, “todos os passos” – desde a sementeira, à espadelada, ao modo de tecelagem, à feira do linho, aos artefactos usados, às cantigas do linho.

“E todo este inventário histórico e etnográfico em redor do linho vai ser posto à descoberta e realçado com esta candidatura”, concretizou.

Ricardo Carvalho explicou que já no século XVIII as casas mais ricas da região iam a Limões adquirir tapeçarias, roupas de cama, cortinados, porque ali “o modo de produção e de tecelagem era de excelência”.

Depois de se verificar um decréscimo de pessoas a trabalhar o linho, este responsável apontou que, nos últimos dois anos, o número cresceu. À cooperativa em Limões estão ligadas 17 pessoas e, da cooperativa de Cerva, fazem parte oito. Este aumento em Limões foi também resultado de um trabalho feito pela câmara para “não deixar morrer a tradição”, acrescentou.

Ricardo Carvalho acredita que, com a inscrição do linho no inventário nacional, vai ser possível “criar uma nova dinâmica na economia circular” e atrair ao território pessoas ligadas à moda, à decoração e mais turistas.

Em Limões já existe o Museu do Linho, onde as tecedeiras trabalham ao vivo. A artesã mais velha tem 102 anos.