Projeto transforma cereja e pêssego da Beira Interior em suplementos alimentares
Desenvolver suplementos alimentares inovadores, nas formas líquida e sólida, a partir de frutos vermelhos endógenos, designadamente a cereja do Fundão IGP (Indicação Geográfica Protegida), o pêssego da Cova da Beira IGP e o mirtilo, que possuem propriedades preventivas contra a síndrome metabólica (fatores de risco de doenças cardíacas) diabetes tipo 2 e outras doenças crónicas é um dos objetivos do “RedSup4Health”.
Os frutos vermelhos endógenos da região da Beira Interior vão ser utilizados na produção de suplementos alimentares naturais através da colaboração do Instituto Politécnico da Guarda – IPG com uma empresa farmacêutica.
Este projeto é liderado pela empresa Natural Green Biological (NGB), em cooperação com a empresa Cerfundão e envolve investigadores e os laboratórios do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), da Universidade da Beira Interior (UBI) e da Universidade Católica Portuguesa – Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde (UCP) e conta com o financiamento de cerca de um milhão e cem mil euros, provenientes do FEDER.
Os frutos vermelhos endógenos da região da Beira Interior vão ser utilizados na produção de suplementos alimentares naturais com o objetivo de combater a síndrome metabólica, responsável por doenças cardíacas, a diabetes tipo 2 e outras doenças crónicas.
O projeto tira partido do potencial preventivo destes frutos ricos em compostos bioativos e com reconhecidos efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, antidiabéticos e anti obesidade.
Luís Silva, investigador no Politécnico da Guarda e responsável pelo projeto “RedSup4Health”, refere que já fizeram a recolha das matérias-primas e estão agora na preparação de alguns extratos para depois fazerem ensaios de formulação e análise.
“Precisamos de perceber se estamos perante uma situação mais ou menos ativa até atingirmos uma formulação com potencial de prevenção da diabetes, da obesidade e das doenças cardiovasculares”, explica.
O projeto propõe-se a realizar uma série de atividades estratégicas, desde investigar e desenvolver suplementos alimentares à base de frutos vermelhos endógenos para a prevenção da síndrome metabólica. Isso envolve, não apenas, a formulação dos suplementos, mas também a pesquisa de ingredientes ativos e a otimização de métodos de produção.
"Também pretende caracterizar o perfil bioativo dos frutos vermelhos e determinar seu potencial biológico através de ensaios in vivo, in vitro e clínicos. Esta análise detalhada dos componentes dos frutos permite compreender melhor os seus possíveis efeitos benéficos para a saúde humana", refere o coordenador do projeto.
“Queremos realizar estudos pré-clínicos em pacientes diagnosticados com síndrome metabólica e avaliar a atividade antioxidante, antidiabética, anti obesidade e anti-inflamatória dos suplementos, bem como a sua ação sobre o microbioma oral. Essa avaliação é crucial para compreender os mecanismos pelos quais os suplementos de frutos vermelhos podem beneficiar a saúde humana e ajudar na prevenção de doenças”, acrescenta Luís Silva.
Estas atividades têm como objetivo garantir que as propriedades originais dos frutos vermelhos e os seus compostos bioativos estarão presentes nos novos suplementos alimentares, tornando-os eficazes na prevenção da síndrome metabólica e, ao mesmo tempo, comercializáveis no mercado português e internacional. Luís Silva salienta a intervenção neste projeto de João Lopes, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, e de Carlos Albuquerque, do Instituto Politécnico de Viseu.
Além de contribuir para a saúde global, o projeto representa uma oportunidade de relançar os produtos agrícolas do Interior em cadeias de valor mais competitivas e sustentáveis, reforçando a ligação entre ciência, território e bem-estar social.
Segundo Joaquim Brigas, presidente do Instituto Politécnico da Guarda, o RedSup4Health “visa não apenas desenvolver novos produtos, mas também gerar conhecimento científico e evidências que possam contribuir para a promoção da saúde pública e para o avanço da pesquisa em nutrição funcional. Ao cumprir esses objetivos, o projeto procura oferecer uma abordagem inovadora, baseada em evidências para a prevenção e tratamento de condições de saúde críticas, enquanto promove o desenvolvimento económico e a competitividade do setor agroalimentar na região do interior, contribuindo para a sua circularidade e fixação de pessoas nos territórios de baixa densidade”.
Segundo o responsável, “este modelo de inovação colaborativa poderá colocar a Beira Interior no centro da vanguarda da nutrição funcional e da valorização dos recursos naturais”.