Portugal vive “mais um ano positivo” no turismo, mas com ritmos de crescimento mais moderados

Embora o ritmo de crescimento seja agora mais moderado do que nos anos pós-pandemia, o turismo continua a gerar mais valor. Com proveitos em alta e dormidas estabilizadas, a CTP destaca que os visitantes estrangeiros estão a gastar mais, enquanto o turismo interno cresce de forma consistente.
Agência Lusa
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02 dez. 2025, 09:49

Turistas na margem de Gaia com vista para a Ribeira, no Porto
Fotografia: José Coelho/ Lusa

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) admite que o setor está a entrar numa fase de crescimento sustentável, após anos recorde, com um 2025 mais dependente dos turistas nacionais, mas com estrangeiros a criarem mais valor.

Francisco Calheiros, que falava na abertura do 50.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que começou esta terça-feira em Macau e se prolonga até quinta-feira, começou por considerar que se vive "mais um ano turístico positivo" em Portugal.

"Se os primeiros meses já o anteviam, os dados já conhecidos do verão assim o confirmam. Mas não nos iludamos, estamos a entrar numa fase de crescimento sustentável. Não há estagnação, claro que não, mas há sim uma maior estabilidade. Algo que já se antevia, depois de crescimentos muito fortes nos anos pós-pandemia".

Segundo o INE, o setor do alojamento turístico registou 10,5 milhões de hóspedes e 28,6 milhões de dormidas em junho, julho e agosto, registando-se crescimentos de 2,2% no número de hóspedes e 2% nas dormidas face ao Verão do ano passado.

"São aumentos? Sim são, mas não crescimentos ao nível dos que assistimos nos últimos anos", lembrou esta terça-feira.

"Mas o Turismo continua a gerar mais valor. Em termos gerais e no seguimento do que vem sendo habitual nos últimos anos, os proveitos totais em junho, julho e agosto atingiram 2,7 mil milhões de euros, um aumento 7,4% em relação à época alta do verão do ano passado", citou.

Em 28 de novembro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou que o alojamento turístico teve proveitos de 691,2 milhões de euros em outubro, uma subida homóloga de 7,3%, com as dormidas de não residentes de novo a subir após dois meses em queda.

Segundo as estatísticas rápidas da atividade turística, divulgadas pelo INE naquele dia, o setor do alojamento turístico registou 3,1 milhões de hóspedes (+3,8%2) e 7,7 milhões de dormidas (+2,4%) em outubro, gerando 691,2 milhões de euros de proveitos totais e 521,5 milhões de euros de proveitos de aposento, correspondendo a subidas de 7,3% e 6,1% face a outubro do ano anterior.

O INE salientou ainda que em outubro o crescimento do número de dormidas resultou tanto do aumento das dormidas de residentes, que subiram 6,4%, atingindo dois milhões, como das dormidas de não residentes, que aumentaram 1,1%, após dois meses a diminuir, totalizando 5,8 milhões.

Estes comportamentos - que têm sido constantes ao longo do ano - mereceram, assim, destaque por parte da confederação que agrega as várias atividades do setor.

"Deixem-me aqui destacar um dado muito significativo: As dormidas de residentes aumentaram 5,5% este verão, ultrapassando nove milhões. Destes dados retiram-se duas conclusões e um alerta. Os turistas portugueses estão a crescer e deles depende muito o crescimento do turismo este ano. As dormidas têm um crescimento menor em relação a outros anos, mas os turistas que recebemos criam mais valor, já que gastam mais e contribuem para um turismo de maior qualidade", frisou o presidente da CTP.

Francisco Calheiros voltou a apelar para o que considera ser um grande obstáculo ao crescimento no Turismo: o avanço do novo aeroporto de Lisboa.

"Há decisões estratégicas que têm de ser tomadas e há que colocar em prática, com rapidez, medidas essenciais para que o Turismo em Portugal continue a ser uma atividade dinâmica, com grande capacidade de gerar valor em praticamente todas as regiões do País. Desde logo e como referi, há a urgência do novo aeroporto. Que os dados do Turismo façam pensar o Governo, e que se equacione que é preciso urgentemente decidir sobre uma alternativa intermédia ao aeroporto em Alcochete. Ainda vamos muito a tempo.", reiterou.

A CTP tem defendido o avanço de uma infraestrutura intermédia rápida ao novo aeroporto de Alcochete, a desenvolver no Montijo, opção que considera "eficaz e mais barata".