No relvado dos sonhos, Irene entra em campo para inspirar os mais novos
O livro “Miss Apito Entra em Campo", de Isabel Azambuja, coloca o desporto como um ponto de partida para a empatia e a desconstrução de preconceitos.
25 nov. 2025, 12:32
Fotografia: “Miss Apito Entra em Campo" é um livro de Isabel Azambuja com ilustrações de Raquel Costa
Com apenas sete anos, Irene sonha ser árbitra e desafiar os estereótipos de um universo marcadamente masculino. A história é fictícia e dá mote ao livro “Miss Apito Entra em Campo, de Isabel Azambuja, editado pela Livros Horizonte. Uma obra que procura inspirar os mais novos, discutindo temas como o bullying, o preconceito e a igualdade de género.
“Escolhi uma árbitra e não uma jogadora porque quis dar destaque a uma figura que está muitas vezes na sombra, mas que tem um papel fundamental. É alguém que precisa de equilíbrio e resistência mental e que representa a importância de manter a justiça e o controlo em campo. Queria mostrar algo que não fosse o ‘suposto’, isto é, um menino como árbitro”, explicou, em entrevista ao Conta Lá.
A autora destaca que esta obra procura promover uma mensagem fundamental: o desporto pode ser um ponto de partida para a empatia e a desconstrução de preconceitos.
“O desporto devia servir para unir, mas muitas vezes traz à superfície comportamentos de violência e preconceito. Com este livro, quisemos mostrar que o outro lado também existe: o da colaboração, da tolerância e do respeito”, frisou.
No lançamento do livro, que decorreu em outubro, no Arena Liga Portugal, no Porto, estiveram presentes, além da autora, a ilustradora Raquel Costa, a árbitra assistente Bárbara Reis, da Associação de Futebol do Porto e Paulo Costa, diretor executivo da Liga Portugal e antigo dirigente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.
Ao Conta Lá, a ilustradora Raquel Costa defendeu que a obra é uma ferramenta pedagógica: “Podemos ensinar aos nossos rapazes que jogar à bola e brincar com bonecas não os torna menos do que são, e às meninas, que podem ser delicadas e fortes ao mesmo tempo. O importante é educar para a igualdade”.
Durante a sessão, a árbitra assistente Bárbara Reis partilhou a sua experiência, ao recordar os desafios que persistem na arbitragem: “O meu primeiro contacto com o futebol foi como jogadora e nunca pensei ser árbitra. Mas sem árbitros não há futebol. A nossa função é dura, estamos sempre sob escrutínio, e as decisões são tomadas em frações de segundo”, referiu.
Bárbara Reis lembrou também as dificuldades que as mulheres ainda enfrentam neste contexto: “Nem todas as infraestruturas estão preparadas para equipas mistas de arbitragem, e ainda há preconceitos. Às vezes parece que não somos ouvidas, como se não percebêssemos do jogo. Mas acredito que estamos num bom caminho. O importante é inspirar as gerações mais novas e mostrar que também fazemos parte disto".
De resto, a primeira vez que uma mulher liderou uma equipa de arbitragem na I Liga de futebol masculina foi este ano, a 29 de março: Catarina Campos fez história ao ser a árbitra escolhida para o Casa Pia - Rio Ave.
Paulo Costa, diretor executivo da Liga Portugal, não tem dúvidas de que o futuro no futebol passa por ter mulheres a "dirigir jogos ao mais alto nível", enaltecendo o crescimento da arbitragem feminina e o papel de iniciativas como esta na mudança de paradigmas.
“Há um desenvolvimento enorme do futebol feminino em Portugal e a arbitragem faz parte desse progresso. Há 14 anos praticamente não existiam árbitras", sublinhou.
“Escolhi uma árbitra e não uma jogadora porque quis dar destaque a uma figura que está muitas vezes na sombra, mas que tem um papel fundamental. É alguém que precisa de equilíbrio e resistência mental e que representa a importância de manter a justiça e o controlo em campo. Queria mostrar algo que não fosse o ‘suposto’, isto é, um menino como árbitro”, explicou, em entrevista ao Conta Lá.
A autora destaca que esta obra procura promover uma mensagem fundamental: o desporto pode ser um ponto de partida para a empatia e a desconstrução de preconceitos.
“O desporto devia servir para unir, mas muitas vezes traz à superfície comportamentos de violência e preconceito. Com este livro, quisemos mostrar que o outro lado também existe: o da colaboração, da tolerância e do respeito”, frisou.
No lançamento do livro, que decorreu em outubro, no Arena Liga Portugal, no Porto, estiveram presentes, além da autora, a ilustradora Raquel Costa, a árbitra assistente Bárbara Reis, da Associação de Futebol do Porto e Paulo Costa, diretor executivo da Liga Portugal e antigo dirigente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.
Ao Conta Lá, a ilustradora Raquel Costa defendeu que a obra é uma ferramenta pedagógica: “Podemos ensinar aos nossos rapazes que jogar à bola e brincar com bonecas não os torna menos do que são, e às meninas, que podem ser delicadas e fortes ao mesmo tempo. O importante é educar para a igualdade”.
Durante a sessão, a árbitra assistente Bárbara Reis partilhou a sua experiência, ao recordar os desafios que persistem na arbitragem: “O meu primeiro contacto com o futebol foi como jogadora e nunca pensei ser árbitra. Mas sem árbitros não há futebol. A nossa função é dura, estamos sempre sob escrutínio, e as decisões são tomadas em frações de segundo”, referiu.
Bárbara Reis lembrou também as dificuldades que as mulheres ainda enfrentam neste contexto: “Nem todas as infraestruturas estão preparadas para equipas mistas de arbitragem, e ainda há preconceitos. Às vezes parece que não somos ouvidas, como se não percebêssemos do jogo. Mas acredito que estamos num bom caminho. O importante é inspirar as gerações mais novas e mostrar que também fazemos parte disto".
De resto, a primeira vez que uma mulher liderou uma equipa de arbitragem na I Liga de futebol masculina foi este ano, a 29 de março: Catarina Campos fez história ao ser a árbitra escolhida para o Casa Pia - Rio Ave.
Paulo Costa, diretor executivo da Liga Portugal, não tem dúvidas de que o futuro no futebol passa por ter mulheres a "dirigir jogos ao mais alto nível", enaltecendo o crescimento da arbitragem feminina e o papel de iniciativas como esta na mudança de paradigmas.
“Há um desenvolvimento enorme do futebol feminino em Portugal e a arbitragem faz parte desse progresso. Há 14 anos praticamente não existiam árbitras", sublinhou.