Ex-autarca de Gaia pede auditoria urgente à Câmara para esclarecer “palavreado”

Eduardo Vítor Rodrigues, ex-presidente da Câmara de Gaia, pediu ao Tribunal de Contas uma auditoria à sua própria gestão “com caráter de urgência”. O ex-autarca acusa o atual presidente de usar as contas da autarquia como mote para uma “perseguição pessoal e política”.
Agência Lusa
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08 dez. 2025, 15:30

Fotografia de Eduardo Vítor Rodrigues, ex-presidente da Câmara de Gaia
Fotografia: Ex-autarca socialista de Gaia acusa novo executivo de "show off" nas redes sociais

Numa publicação na rede social Facebook, o ex-autarca Eduardo Vítor Rodrigues revela que fez o pedido ao Tribunal de Contas numa carta dirigida à presidente da instituição, Filipa Urbano Galvão, a 6 de dezembro.

Na missiva, o socialista acusa o atual executivo, liderado por Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), de estar a usar as contas da autarquia como “um ‘choradinho’ instrumental de perseguição pessoal e política”.

Eduardo Vítor Rodrigues refere que Luís Filipe Menezes, em campanha eleitoral, anunciou a realização de uma auditoria externa à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, mas que “ao fim deste tempo todo” ainda “nenhuma diligência que se conheça foi encetada”, havendo “apenas palavreado e ‘show-off’ mediático e nas redes sociais”.

“Ora, num tempo em que importa salvaguardar a dignidade institucional, a verdade dos factos, a celeridade dos procedimentos e o combate aos ódios, venho (…) solicitar as melhores diligências para que seja realizada uma Auditoria Independente do Tribunal de Contas (a única que pode ser célere e tutelar) e com caráter de urgência”, justifica na missiva.

O ex-autarca salienta que aquele procedimento, “apurados todos os elementos e concluindo em conformidade” das decisões tomadas, servirá para “salvaguardar o nome do município junto de parceiros e fornecedores, mas também o nome das pessoas (políticos e técnicos) que colocaram Gaia na senda da boa gestão municipal”.

Eduardo Vítor Rodrigues pede ainda que aquela auditoria seja acompanhada pelo Ministério Público e que o período em análise se estenda até 31 de dezembro de 2025.

NOVO EXECUTIVO FALA EM “HERANÇA DIFÍCIL” DE 122 MILHÕES PARA PAGAR

A 4 de dezembro, o vereador das Finanças da Câmara de Gaia, Fernando Machado, disse que a autarquia recebeu uma "herança difícil" e tem de pagar 122 milhões de euros em compromissos até final do ano, falando em "mentiras" nas contas do anterior executivo PS.

As declarações de Fernando Machado levaram a que, um dia depois, a 5 de dezembro, os vereadores do PS na câmara de Gaia desafiassem o executivo de Luís Filipe Menezes a fazer uma auditoria às contas da autarquia nos últimos 15 anos, afirmando que aqueles números não constam de documentos oficiais.

O novo executivo fala em 122 milhões de euros em compromissos/obrigações a pagar até final deste ano, ao passo que os números do anterior executivo, até 30 de setembro, para pagamentos não vencidos, apontavam para 29,7 milhões.

Quanto aos créditos em curso devidos (verbas a receber), o novo executivo aponta para 27 milhões de euros, ao passo que o anterior executivo apontava para 73,5 milhões, um "valor médio calculado pela receita angariada em 2025".

Já sobre as dívidas em execução fiscal, o novo executivo aponta para um recebimento de 2,5 milhões de euros, e o anterior falava em 8,4 milhões na em fase de cobrança coerciva.

Nos empréstimos de longo prazo, o novo executivo fala em 125 milhões de euros de "montante total dos empréstimos contratados em pagamento/utilização", e o anterior apontava para 84 milhões em "empréstimos de longo prazo em normal pagamento (de cinco a 20 anos)".

Quanto ao orçamento para 2026, o novo executivo estima um ponto de partida negativo de seis milhões de euros, decorrente de 334 milhões de despesa e 328 milhões de receita.