Com mais de 100 quilos, este é o maior siluro pescado em Portugal
Desde criança que Joaquim Jonqueres, de 37 anos, se dedica à pesca e, em maio, já tinha feito história, quando apanhou o maior siluro em Portugal. Hoje, na companhia de um cliente da sua empresa turística que opera no rio Pônsul, bateu esse recorde. A partir do barco, retiraram da água um exemplar desta espécie invasora, com 2,35 metros e mais de 100 kg.
O peso certo está por apurar, uma vez que o siluro ainda se encontra na água, preso junto à margem do rio que é afluente do Tejo, perto de Lentiscais, no concelho de Castelo Branco.
“Este é o maior pescado em Portugal. Eu tenho 1,91 metros e 106 kg. Ele é muito maior. Foram entre 30 a 40 minutos de luta para lhe por as cordas nas guelras para o agarrar. Tive de por as luvas para meter as mãos na boca daquele monstro. Parece um tubarão”, descreveu, ao Conta Lá, Joaquim Jonqueres.
Há dez anos que o empresário se tornou guia turístico de caça e pesca, com o negócio em Malpica, e afirma que a pesca do siluro tem um enorme potencial e pode representar mais-valias económicas e sociais para a região, dando como exemplo localidades em França e Espanha que vivem em torno da exploração desse tipo de peixe.
Ao contrário do siluro pescado em maio, avistado três dias antes, este apareceu sem aviso, depois de duas semanas de pesca de vários exemplares de diferentes tamanhos, com recurso a chamarizes de madeira, iscos artificiais e utilizando sondas para localizar peixes a mais de 20 metros de profundidade.
Hoje, ao final da manhã, o empresário estava com o cliente Loic Lancelon no barco da Luso Outdoors quando se depararam com o siluro em tamanho gigante.
Joaquim frisa que não se tratou de um momento de sorte, mas sim “de dedicação e paixão à volta do turismo e deste peixe, que tem um enorme potencial”.
“A minha vida é proporcionar estes momentos extraordinários e manter o controlo sobre a espécie, que é invasora, exótica e predadora. Alimenta-se das outras espécies autóctones que queremos preservar”, salienta.
Joaquim Jonqueres ainda não sabe o que fazer ao siluro, que se encontra preso junto ao rio, vivo. Informa que o exeplar tem certamente mais de 16 anos e entende que o peixe não deve ser comido com esta idade.
A cabeça e as vértebras do que pescou em maio, com 2,33 metros e 102 kg, foram entregues no Instituto Politécnico de Santarém, para ser estudado. Este deverá ter destino semelhante, para recolher amostras, avaliar se existe a presença de poluentes, pesticidas ou metais pesados.
Uma espécie invasora que pode ser útil
Apesar de o siluro, peixe de água doce, se alimentar de espécies nativas, e outras migratórias, como a lampreia e a enguia, e de ser prejudicial para os ecossistemas fluviais, o empresário destaca o enorme potencial e espera que se faça essa aposta.
Por um lado, a pesca desportiva, que movimenta gente de vários países. Por outro, menciona a componente gastronómica. Apesar de não ser um peixe apelativo à vista, pode confecionado de várias formas.
“É um peixe feio, grande e perigoso para outros peixes, mas pode ser comido de quase todas as formas. Quase não tem espinha. É quase melhor do que salmão fumado. Pode ser em sashimi, no forno, grelhado, panado, de qualquer maneira”, elenca Joaquim Jonqueres, antigo estudante de veterinária, que passa parte do seu tempo em França.
O empresário questiona: “por que não juntar o útil ao agradável?”, referindo-se à exploração turística, ao mesmo tempo que se combate a espécie invasora.
Apesar das preocupações em relação ao impacto no ecossistema do silurus glanis, como o que apanhou perto da saída do rio Pônsul para o rio Tejo, reforça que o maior perigo continua a ser o homem e o seu comportamento, seja através da poluição, seja pela forma como se gerem as barragens, “que baixam os caudais quando os peixes estão a nascer”.